Projeto Carnaúba Sustentável
[ conservação, educação e tecnologias sustentáveis ]
A cultura da carnaúba é, por excelência, um exemplo de que é possível fazer mover a economia, preservando o meio ambiente e valorizando a vida das pessoas. Um circulo virtuoso, que respeita por inteiro os preceitos econômicos, ecológicos e sociais da sustentabilidade.
Um olhar ecológico revela que, ao longo dos possíveis processos de usufruto dos recursos naturais presentes no extrativismo da carnaúba, em nenhuma fase ocorre agressões não renováveis ao meio ambiente. Muito pelo contrário. A poda de sua copa, além de não prejudicar, contribui para o retardo do envelhecimento da palmeira. A secagem das palhas se faz sob o uso natural da luz solar. Na extração do pó cerífero, o rejeito das palhas é convertido em adubo orgânico. Ao largo de tudo isso, o caule da carnaubeira pode ser usado na construção de edificações rurais; a folha inteira, tem uso frequente em coberturas de habitações e no artesanato; a folha triturada após a colheita do pó, serve para a retenção da umidade e proteção do solo.
Um olhar social expõe a cultura da carnaúba como importante fonte de geração de emprego e renda para um grande contingente de mão de obra, em um período do ano geralmente crítico do semiárido nordestino. A colheita da carnaúba se dá entre os meses de julho a dezembro, época em que há uma forte carência de ocupação produtiva na agricultura familiar da região, por conta da frequente ausência de chuvas (a seca), o que faz dessa atividade fator essencial para a fixação do homem no campo, além de prodigioso agente de cidadania, quando oferece ocupação e renda e propicia dignidade para centenas de milhares de trabalhadores rurais.
Um olhar econômico explicita uma rica e diversa cadeia produtiva, que se estende da mais rudimentar produção de artesanato, até a mais avançada aplicação em indústrias de base tecnológica, com presença marcante nos segmentos: químico, farmacológico, alimentício, cosmético, pneumático, gráfico, automotivo, aeronáutico, de embalagens, de limpeza, de petróleo e gás, e de informática. As propriedades físico-químicas presentes na cera e na fibra da carnaúba, dão aos produtos que dela se utilizam em sua formulação, forte diferencial competitivo, desqualificando o uso de sintéticos. Não por acaso, há tempos a carnaúba é um dos mais relevantes itens da pauta de exportação dos estados produtores, em especial do Ceará e do Piauí, contribuindo de forma significativa para o superávit da balança comercial destes.
Porém, ao longo dos últimos anos, a atividade extrativista da carnaúba tem enfrentando desafios que transcendem à sua competência operacional. São problemas que vão do desmatamento de carnaubais para desenvolvimento de outras culturas, a infestação por fito invasores como a Cryptostegia madagascariensis, responsável pela mortalidade progressiva da palmeira. Há também desafios de ordem socioeconômicas que envolvem tanto questões ligadas a relações de trabalho na atividade extrativista em si, quanto a incidência de uma carga tributária que pressiona e compromete a competitividade dos negócios.
Diante deste cenário, fortalecer todos os elos e garantir a sustentabilidade ao longo da cadeia produtiva da carnaúba, é um imperativo. E foi com este compromisso que o SINDCARNAÚBA – Sindicato das Indústrias Refinadoras de Cera de Carnaúba no Estado do Ceará, resolveu instituir o “SELO CARNAÚBA SUSTENTÁVEL”.
Desenvolvido em parceria com a ASSOCIAÇÃO CAATINGA, organização não governamental que tem por missão “promover a conservação das terras, florestas e águas da caatinga para garantir a permanência de todas as suas formas de vida”, o selo integra uma ação maior, o projeto “CARNAÚBA SUSTENTÁVEL – CONSERVAÇÃO, EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS”, que compromete as empresas signatárias a contribuir de forma efetiva para a conservação da Caatinga e o investimento social na sustentabilidade da cadeia produtiva da carnaúba.
Por outorga do SINDCARNAÚBA e com a chancela da ASSOCIAÇÃO CAATINGA, as empresas que assinam a carta de princípios e formalizam vínculo direto com o projeto Carnaúba Sustentável, recebem um CERTIFICADO de que são detentoras do SELO CARNAÚBA SUSTENTÁVEL.
Fazem parte do projeto apenas empresas que se comprometem a: investir na sustentabilidade da cadeia produtiva da carnaúba, trabalhando pelo desenvolvimento e proteção dos carnaubais; respeitar todas as normas reguladoras do setor, mantendo uma relação ética e valorativa com trabalhadores e tendo uma postura radicalmente contrária a qualquer prática que explore o trabalho infantil ou análogo ao escravo.
As empresas sindicalizadas que fazem parte do projeto se comprometem ainda, por intermédio do Carnaúba Sustentável, a incentivar a apropriação de tecnologias sustentáveis como instrumentos de melhoria da convivência com o semiárido, do uso racional dos recursos naturais e da valorização do capital social; e a promover ações de educação ambiental e de comunicação institucional, com fins de sensibilizar a população como um todo, para a necessidade de se preservar a Caatinga e a Cultura da Carnaúba.
Ao aportarem o SELO CARNAÚBA SUSTENTÁVEL em seus instrumentos de comunicação, as empresas certificadas afirmam ser detentoras de um portfólio de produtos e serviços, que integram, por excelência, o circulo virtuoso da carnaúba, respeitando, portanto, todos os preceitos econômicos, ecológicos e sociais da sustentabilidade.
Fortaleza, Setembro de 2016
Edgar Gadelha
Presidente do SINDCARNAÚBA